22 de outubro de 2024 5:02 am

Espetáculo OraMortem em curta temporada no Cine Teatro.

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OraMortem, primeiro espetáculo do in-Próprio Coletivo(MT) estreou em Cuiabá em outubro de 2014 e, desde então, já passou por mais de 40 cidades brasileiras, além dereceber dois Prêmios Cenym de Teatro Nacional.

Nesse fim de semana, nosdias 11 e 12 de agosto o espetáculo faz uma curta temporada no Cine Teatro (Sala Anderson Flores) dentro da Mostra MT Convida | Desafio: Etarismo.

OraMortem é fruto de uma experiência em criação compartilhada. O espetáculo trata das sensações de uma senhora ao projetar possíveis encontros com um jovem. Em cena, dois atores, três músicos e uma iluminadora performer adentram um espelho d’água para, juntos, tecerem uma narrativa que se apoia nas sombras projetadas, nos sussurros dos amantes e no compasso dos seus (des)encontros. Não há utilização da palavra, algo que convoca o espectador a construir uma narrativa subjetiva baseada nos estímulos audiovisuais a que é exposto. Assim, experimentar OraMortem requer que essa convocação seja um acordo tácito entre os artistas e a plateia. O convite está feito.

Serviço:

OraMortem
Dias: 11 e 12 de Agosto
Hora: 20:30h

Local: Cine Teatro (Sala Anderson Flores) 
Valor: R$ 20,00 (inteira) | 10,00 (meia) 
Classificação indicativa: 12 anos

 

Outras informações:

[SINOPSE]

 

OraMortem é um momento inesperado, um delírio disparado no encontro da Velha com o Menino. Dois personagens se fragmentam em reflexos e projeções para expor aquilo que não cabe, que é desajustado, que escapa das clausuras do espaço-tempo. A proximidade da morte como sintoma de vida. O corpo dela transborda e o espaço inundado está na iminência de derramar.

 

[DO IMPULSO VITAL]

 

OraMortem é inspirado num instante de delírio e transbordamento dos afetos da minha avó, dona Maria de Lourdes, uma mineira de 90 anos. Ela viveu junto a José durante 65 anos, seu companheiro que faleceu em 2011 devido a um enfisema pulmonar. Logo após a viuvez, Lourdes passou por uma cirurgia de catarata e, possivelmente devido ao uso de anestésicos somados às fragilidades emocionais daquele período, passou a ter delírios. Acreditava ser jovem, como numa mudança brusca de percepção do tempo. Preparava-se para o encontro com seu namorado, com todos os anseios peculiares de uma adolescente. Além disso, confiava que suas filhas eram, na verdade, suas irmãs e, desde então, começou a compartilhar intimidades de sua vida íntima nunca antes reveladas. Essa abertura disparou em mim a possibilidade de um olhar menos óbvio para a velhice. Além disso, e enquanto coletivo, passamos a questionar com mais interesse as potencialidades do corpo como matéria para a criação artística.

 

Daniela Leite

 

[DO PROCESSO DE CRIAÇÃO]

 

A partir da narrativa do delírio da Dona Lourdes, criamos imagens que nos levaram à construção do espelho d’água como o lugar do acontecimento. Ele foi o disparador de possibilidades para a composição da trama e de todos os corpos em cena. Os procedimentos criativos foram acessados em fluxo contínuo e em justaposição de camadas, nas quais as partes envolvidas, ou seja, o espaço, a luz, a música e a atuação retroalimentaram-se e influenciaram-se simultânea e constantemente.

A construção das personagens se pautou em aspectos do teatro performativo. Assim, optamos por investigar estados de presença e não apenas explorar uma representação óbvia do que seria uma senhora e um jovem. Os desenhos de cenário, trilha sonora e luz foi construído no encontro e através de experimentações com objetos e instrumentos disponíveis, bem como suas possibilidades em relação com o espaço. Assim, foram criados recortes, intensidades, tons e efeitos que propuseram diretamente os desenhos das cenas. A dinamicidade desse modo de criar arte interage criação, processo e formalização. A obra, pensada na via do work in process (Renato Cohen), é inteiramente dependente do processo, sendo permeada pelo risco e, sobretudo, pelas vicissitudes do percurso.

 

[DO ESPETÁCULO]

 

O que é possível ver pela fresta da memória? OraMortem é um exercício de projeção do que é recôndito. É um momento inesperado, fragmento de sonho, fração de loucura, desarranjo do tempo, a última gota, um delírio. Trata a iminência da morte como um sintoma de vida. Dois personagens se fragmentam em reflexos e projeções para expor aquilo que não cabe, que é desajustado, que transborda das clausuras do espaço-tempo, que está fora do esquadro.

O espetáculo desarticula a noção de ficção e propõe fricções de presença entre os artistas e o público. Não esconde as engrenagens técnicas pois escancara a estrutura interna da criação, em que a iluminadora/performer e os músicos manipulam seus instrumentos luminosos e sonoros dentro da cena. Manejam múltiplas linguagens, recursos e hibridizações para tecer a dramaturgia que é engendrada no fluxo de estímulos e contaminações proposto por todas as linhas envolvidas, como a luz, a música, o espaço e os atores.

 

 

[FICHA TÉCNICA]

 

Concepção: in-Próprio Coletivo

Argumento: Daniela Leite

Elenco: Daniela Leite e Alexandre Cervi

Concepção e operação de luz: Karina Figueredo

Criação e execução da trilha sonora: Estela Ceregatti, Jhon Stuart e GustavoLima

Cenário: Luis Segadas e Daniela Leite

Figurino: Einstein Halking

Confecção de figurino: Loraine Costa, Roseni Peron, KimberlyCristy e Adalgiza Barros

Fotografias: Juliana Segóvia e Latitude Filmes

Agradecimentos especiais: Felipe Vicentim (in memoriam)

 
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